Eu tinha 3 euros e um sonho: ir na Love On Tour do Harry Styles

 


Não sei se vocês botaram fé em mim depois do post da wishlist, mas nem eu tinha essa fé. Começo dizendo que essa foi a única coisa da minha wishlist de aniversário desse ano que eu realizei (até agora) e que bom, porque era a que eu mais queria. Todas as outras coisas são produtos que sempre vão estar disponíveis para comprar, a Love On Tour é passageira e única. 
Eu não planejei, não tinha me organizado pra ir, mas quase todo dia me batia uma tristeza ao lembrar que o Harry ia fazer show a 4 horas de distância de mim e eu não ia. Antes de continuar, vou contextualizar, rapidamente, para quem não sabe. 
Em 2011 conheci o One Direction, estava no auge da minha adolescência, uma fase muito propícia para virar uma fã obcecada. E foi o que aconteceu. Eu tinha um fã clube no Twitter, fazia parte da equipe de um fã-site enorme, comprava cds, ia pra encontros de fãs, fazia camisas bregas em gráfica rápida, personalizava meus cadernos, pintava as unhas com "1D", madrugava pra acompanhar um lançamento... acho que deu pra entender. Em 2013 eles anunciaram o primeiro show no Brasil, que seria em maio de 2014, e eu juntei tudo o que ganhei de aniversário de 15 anos para comprar um ingresso. Só tinha um problema: o único método de pagamento era cartão de crédito. Depois de muito implorar, convenci alguém da minha família a me deixar usar o cartão e consegui comprar. Na minha cabeça, o mais difícil tinha passado, eu já tinha o ingresso e alguém ia ter que me levar (eu conto ou vocês contam?). Eu tinha amigas que iam ao show com suas mães e se disponibilizaram a me levar junto, mas não me deixaram ir. O show passou e eu acompanhei tudo pelo Twitter, chorando. Dois anos se passaram e a banda deu uma pausa (NÃO ACABOU!). Desde então, não tive outra oportunidade de ver qualquer um dos cinco. 
Eu já estava convencida que não iria ver o Harry em Lisboa porque o show estava esgotado, ia ser numa terça-feira e eu nem tinha dinheiro.
Passei o final de semana anterior ao show chorando, pensando nisso e que seria o penúltimo da turnê, em como estava tão perto e tão longe de mim. No domingo, faltando 2 dias, eu estava criando planos, perguntando quem iria das minhas amigas, pesquisando passagem e, claro, ingresso. Pensei "é tudo ou nada", mas existiam três fatores para eu conseguir ir. 
  1. Conseguir folga no trabalho
  2. Conseguir comprar o ingresso
  3. Conseguir a passagem de ônibus
Ah, existia um quarto fator, eu só tinha 3 euros na conta, o equivalente a 15 reais, mas tinha um Nubank e uma ideia grudou na minha cabeça, "vou passar tudo no crédito e depois eu dou meus pulos". 
Precisei esperar a segunda-feira para pedir a folga, era muito provável que eu não conseguisse porque estava em cima da hora. Pela graça do bom Deus, consegui. Agora era uma corrida para chegar em casa, comprar um ingresso de terceiros e comprar as últimas passagens dos últimos ônibus disponíveis com destino a Lisboa. Imagina comprar o ingresso e não ter transporte até lá? Não sabia o que fazer primeiro. Coloquei as passagens no carrinho para segurar elas enquanto comprava o ingresso. Eram 22h30 quando eu consegui, seguem as imagens da felicidade:



Arrumei uma bolsinha, vesti a única roupa que eu tinha e que combinava para ir ao show, meu namorado me emprestou 30€ para transporte e alimentação, tirei um cochilo e às 5 da manhã, eu estava andando pelas ruas do Porto com um vestido preto rodado, meias rosas e um sapato de plataforma.
Na bolsa, apenas o básico: chapéu, frutas, carteira, havaianas, carregador, powerbank e toalha. Sim, eu esqueci outro item básico, protetor solar, isso me rendeu queimaduras de primeiro grau.
A ideia era chegar, ir no mercado comprar água, comprar um Burger King no caminho e ir pra fila. Como comprei pista, era importante pegar um bom lugar para conseguir ver alguma coisa. Fiz isso, cheguei na fila, estendi minha toalha, coloquei o chapéu, o óculos de sol e comi, era meio-dia e os portões só abriam às 18h. Não tinha ninguém pra conversar, não consigo ter a iniciativa de puxar assunto, eu precisava poupar bateria e usar para resolver coisas do trabalho, afinal, o ingresso e a passagem de volta estavam no celular. O sol começou a queimar em um nível insuportável, as águas que eu tinha comprado pareciam que tinham sido fervidas, eu comecei a passar mal. Deveria ter ficado algumas horas no conforto do BK. Aguentei até às 15h30, quando pedi para uma família que estava na minha frente, uma adolescente com os pais, olharem minhas coisas enquanto eu ia comprar água ali ao lado. 
Foi aí que o terror começou. A fila para comprar água dava voltas e voltas, passaram 30 minutos e eu ainda estava lá. Aos 45 minutos, faltando 3 pessoas para eu ser atendida, um monte de gente começa a correr da fila e ninguém dizia o que se passava. Ouvi algo como "está a andar!" e quando olho para a fila principal, estava mesmo andando. Eu fiquei dividida, estava sentindo que ia desmaiar a qualquer momento sem água e ao mesmo tempo todas as minhas coisas estavam ali no chão. Será que a família levou com eles? Deixaram onde estava e possivelmente pisotearam minhas coisas? Eu não sabia. 
Eu já estava soluçando quando encontrei minha bolsa, sapatos e a toalha no mesmo lugar que deixei, a primeira coisa que conferi foi meu celular, estava bem quente por causa do sol e demorou a ligar, o suficiente para eu aprender a lição hehe. A fila andou super rápido e em menos de meia hora eu já estava dentro do Passeio Marítimo de Algés, não tinha noção do que me esperava nas próximas horas e que eu viveria uma das melhores experiências da minha vida.
Agora faltam os outros quatro.
Deixo aqui algumas fotos e vocês podem ver mais registros no destaque que deixei no meu Instagram.






Comentários

  1. Adorei o relato, mas fiquei com sede kkkkkkk você é demais!

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  2. Pelo amor de deus me diga q vc tomou agua pq eu sei q vc desidratou chorando nesse show

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  3. Não esqueça mais do protetor solar

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